quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Saí no sereno

Saí no sereno...
Procurando a paixão de uma meretriz
A piedade de um assassino
O alento de uma Igreja ricamente decorada.

Saí no sereno...
Procurando a dignidade dos indigentes
A compaixão dos coléricos
Os sussurros reveladores do cemitério.

Saí no sereno...
Procurando os escrúpulos dos vigaristas
A poesia das flores poluídas
Deus nas certezas de um ateu.

Saí no sereno...
Procurando o amor próprio de um suicida
A sensatez nas palavras de um bêbado
A humanidade dos homens.

Voltei do sereno...
Doente  com a névoa espessa do caos
Desenganado em meus sentidos 
Resignado ante o cruel Silêncio Divino.

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